domingo, 19 de setembro de 2010

Era uma vez um rapaz - Nick Hornby

Sinopse

Will Freeman, de 36 anos de idade, não quer ter filhos e não percebe porque é que toda a gente lhos recomenda com tanto entusiasmo. Vive num confortável e moderno apartamento, livre de Legos e cheio de CD's, em Islington. Will tem todo o seu tempo livre, graças aos royalties que recebe, anualmente, por uma pirosa canção de Natal que o seu pai escreveu em 1938. O nosso herói compreende, porém, o ponto de vista das mães sozinhas, especialmente quando elas se parecem com Julie Christie. Assim, acaba por se envolver com um grupo de pais sozinhos e inventar um filho de dois anos, cujas ausências requerem constantes explicações.
Entra em cena Marcus, cujos pais se separaram; as lágrimas da sua mãe sobre os flocos do pequeno-almoço começam a tornar-se assustadoras. Os progressos de Marcus, na sua nova escola de Londres, são ameaçados pelas suas roupas desapropriadas, pelo seu horrível corte de cabelo e pela sua preferência herdada pela música de Joni Mitchell. Uma vez que as circunstâncias puseram Will no seu caminho e uma vez que este sabe, pelo menos, como é que os miúdos se devem vestir e que o Kurt Cobain não jogava no Manchester United, porque é que Marcus não há-de servir-se dele, tanto quanto possível?

Neste segundo romance, Nick Hornby explora as relações que as pessoas estabelecem entre si, neste mundo em que o chamado modelo ideal de família pura e simplesmente já não se aplica.


A minha opinião

Esta é a história de Will, para quem a única razão de ter filhos é para que eles olhem pelos pais quando forem velhos, inúteis e tesos. Pressionado constantemente para constituir família, detesta as crianças, assim como todos os que as trouxeram ao mundo.
Will nunca vivera dramas na sua vida. Gostava de noites bem passadas, amigos de circunstância e não tinha necessidade de mudar.
É então que começa a ver em jovens mães separadas, tristes e sós, possíveis hipóteses de conseguir uma namorada e, a dada altura, inventa um filho de dois anos e adere a um grupo de pais separados.

Esta é também a história de Marcus, um adolescente filho de pais separados que vive com a mãe problemática. É um miúdo que sofre com a violência de que é alvo na escola. Marcus e Will acabam por se conhecer por intermédio de uma amiga da mãe de Marcus, que Will conhece nesse novo grupo a que aderiu.
E é aqui que Will começa a viver o seu primeiro drama: o drama de Fiona, a mãe de Marcus. Contra todas as suas expectativas, começa a alimentar uma ideia doentia de entrar na vida deles. Marcus, que sente a falta de um “pai” começa então a frequentar a casa de Will.
Com algum humor à mistura, entramos na cabeça destas duas personagens e observamos o meio envolvente à luz dos seus pensamentos e impressões. É muito interessante acompanhar a evolução das suas relações, bem como as mudanças em relação ao mundo que as rodeia.
Will é muito peculiar e reconhece em si uma pessoa que nada faz na vida além de ver o Countdown e andar às voltas de carro a ouvir os Nirvana. Vivia acomodado com essa ideia. Mas, quando estava na presença de pessoas que pretendia agradar, gostaria de se mostrar um pouco mais complexo e ter alguma história para contar. E isso não acontecia. Começa então a aperceber-se de que precisa de uma bóia a que se pudesse agarrar. Marcus passou a ser essa bóia.
O fim tem uma moral: há que perder algumas coisas para ganhar outras. Assim é a vida.

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