domingo, 31 de janeiro de 2010

A Colina das Bruxas - Marion Zimmer Bradley

Sinopse

Sara Latimer, uma jovem de vinte e poucos anos, perde toda a família de forma súbita e trágica. Quase simultaneamente descobre que herdou uma antiga casa na Nova Inglaterra, onde decide recomeçar a sua vida. Mas a casa é apenas a parte visível da sua herança, pois as tradições familiares incluem outras facetas bem mais misteriosas.
Dividida entre a modernidade e a tradição da família, entre o jovem médico local por quem se apaixona e os mistérios da sua falecida tia-avó, a última habitante da casa Latimer, Sara viaja no tempo e no espaço, confrontada com a sua identidade e os seus múltiplos passados.
A jovem transforma-se num campo de batalha onde as forças das trevas e do amor se confrontam, lutando pela supremacia e pela conquista da sua alma.

A Colina das Bruxas é uma fabulosa viagem aos mitos do mundo rural americano, com o seu passado puritano, lendas de bruxas, feiticeiros e o seu encontro com a modernidade. É também a exploração de temores e receios atávicos, dos poderes ocultos, das pulsões eróticas e da demanda do poder.

A minha opinião

Após a perda abrupta dos pais e do irmão, Sara Latimer fica a saber que herdou uma antiga casa de família na Nova Inglaterra. Sem dinheiro para continuar a viver na sua casa, ela parte para Witch Hill, a Colina das Bruxas, para recontruir a sua vida. Só que à chegada é encarada pelos habitantes como sendo a reencarnação da velha Sara Latimer - sua tia falecida há 7 anos - dadas as suas parecenças físicas e nome idêntico. A vizinhança começa a olhá-la de lado e chamá-la de bruxa.
Isto não é propriamente uma surpresa, pois, momentos antes de morrer, o seu pai tinha começado a contar-lhe as histórias das Saras Latimer que, desde há 300 anos, constituem uma maldição na família.
Todas as mulheres da família com esse nome se tronaram grandes sacerdotisas da Velha Religião, ou seja, bruxas. E Sara, tal como as suas antepassadas, revela uma memória ancestral forte e, mesmo sem nunca ter tido contacto com a Colina das Bruxas, começa a dizer e fazer coisas estranhas.
Ela conhece Brian, um médico, por quem se apaixona à primeira vista. E conhece Matthew, Pastor da Igreja do Antigo Rito (à qual a sua tia pertenceu), que começa a pressioná-la no sentido de se entregar à congregação.
Sara sabe que é Brian quem deseja, mas acaba por se envolver no mundo dos rituais sexuais promiscuos, dos feitiços, das sacerdotisas, da magia, que me fizeram lembrar outros livros de Marion Zimmer Bradley como As brumas de Avalon e A Senhora de Avalon.
A partir daqui prossegue uma luta interna para evitar um mundo louco que, sem perceber porquê, a atrai. Do outro lado, Brian faz planos para o futuro a seu lado.
No final, dá-se uma reviravolta (um pouco rápida demais, quanto a mim) e Sara segue finalmente um dos dois caminhos. Obviamente não vou aqui dizer qual. Apenas digo que gostei, tal como gostei do livro. Mas devo avisar que, para quem conhece, As brumas de Avalon superam largamente este livro. De qualquer forma, é uma das minhas autoras favoritas e a presente obra veio corroborar isso mesmo.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Um grito de amor desde o centro do mundo - Kyoichi Katayama

Sinopse

Sakutarô e Aki conhecem-se na escola de uma pequena cidade japonesa. Ele é um adolescente engenhoso e sarcástico. Ela é inteligente, bonita e popular. Tornam-se amigos inseparáveis até que, um dia, Sakutarô começa a ver Aki com outros olhos. A amizade cíumplice transforma-se numa paixão arrebatadora. Juntos vivem uma história capaz de transformar os sentidos e apagar as fronteiras entre a vida e a morte.

Um grito de amor desde o centro do mundo é o romance japonês mais lido de todos os tempos. Inspirou uma versão cinematográfica, uma série televisiva e foi adaptado a mangá.

A minha opinião

Depois de ter conhecido recentemente a escrita de Haruky Murakami, resolvi continuar a aventurar-me pelas letras japonesas, num trilho que, depois deste livro, vou continuar a seguir.
Katayama é delicado e profundo. É um pensador.
Vamos à história. Sakutarô (rapaz) e Aki (rapariga) conhecem-se na escola, ainda muito novos, e tornam-se amigos. De forma inocente, vão-se conhecendo mais profundamente, tornam-se inseparáveis, crescem e despertam para o amor. Um amor puro, profundo, inabalável e inatingível.
Contudo, o destino "e-foram-felizes-para-sempre" não está no caminho destas almas gémeas e o leitor é confrontado, logo desde o início, com o acontecimento trágico que impediu o tal final feliz.
A história repete-se: Sakutarô vive o amor e a perda definitiva tal como o seu avô. Ambos vivem amores que acabam com o desaparecimento físico da sua amada, mas cujo sentimento ultrapassa tudo. A morte não é, afinal, o fim.
Ao longo do livro, o jovem apaixonado acompanha com muita tristeza e ansiedade a evolução da doença de Aki, numa luta contra o tempo.
E depois, viver sem ela não faz sentido. Ele sente-se só, num mundo em que não consegue coexistir com os outros. «Viver a vida quotidiana, dia após dia, era um suicídio da alma e uma ressurreição perpétuos. Todas as noites, antes de adormecer, desejava não voltar a acordar, ou, pelo menos, não voltar a acordar num mundo vazio, gelado, onde ela não estava. E ressuscitava outra vez, como um Cristo sem esperança.»
No livro assistimos a uma longa reflexão sobre a morte, o sentido da morte e o que, hipoteticamente, haverá depois dela. Mas, desta reflexão ressalta a beleza da vida. O leitor não é induzido a ficar triste, mas antes a pensar nos seus ente-queridos que já partiram, com naturalidade e aceitação dessa perda.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A nona vida de Louis Drax – Liz Jensen

Sinopse

Louis Drax é um miúdo de nove anos, precoce, inteligente, problemático e muito dado a acidentes. Sofreu pelo menos um episódio maior, acidente ou doença, em cada ano da sua curta vida, mas sobrevive sempre como o gato que cai sobre as quatro patas. Durante o piquenique familiar por altura do seu nono aniversário, cumpre-se a maldição que parece assombrá-lo, cai do alto de uma falésia e afoga-se num rio permanecendo num coma profundo de onde poderá não regressar. Tão dramático e dúbio acontecimento implica também o misterioso desaparecimento do pai de Louis, Pierre Drax. Louis acaba por ficar ao cuidado de Pascal Dannachet, um neurologista que acredita em coisas que os outros médicos não acreditam. Em simultâneo, desenrola-se uma investigação policial para tentar encontrar o principal "suspeito" do que poderá ter sido um crime, o desaparecido pai. Esta história brilhante e impecavelmente arquitectada, cheia de um irreverente humor negro e intensamente empolgante, é contada a duas vozes: a do próprio Louis, dentro do seu inacessível subconsciente, e a do neurologista, que não consegue resistir à sedução de Natalie Drax, a sofredora e vitimizada mãe de Louis.

Sobre a autora

Liz Jensen nasceu em Oxfordshire de mãe anglo-marroquina e pai dinamarquês. Estudou inglês no Sommerville College, em Oxford, e iniciou a sua carreira em Hong Kong e Taiwan, como jornalista. Foi também produtora de rádio e televisão no Reino Unido. Em 1987 foi para França onde trabalhou como escultora e jornalista freelance, e onde começou a escrever o seu primeiro romance, publicado em 1995, já em Londres. A Nona Vida de Louis Drax é o seu quarto romance e marca um ponto de viragem na sua obra. Jensen foi várias vezes nomeada para prémios literários importantes e a sua obra encontra-se publicada em 20 línguas.

Críticas sobre A nona vida de Louis Drax

“Um daqueles livros que não conseguimos parar de ler.” New York Post 

“Estranho e maravilhoso. Um romance psicológico perturbante sobre a transgressão e os mistérios do subconsciente.” People

“Certeiro, divertido e pleno de insight.” Time Out

“Uma leitura tão exaltante como perversamente inventiva.” Elle

A minha opinião

“(…) Quando se faz uma escolha errada, tem de se viver com ela. Toda a gente tem de viver com o que fez (…)”

Louis Drax é um menino com predisposição para acidentes… ou será que estes acidentes têem uma razão de ser? Uma coisa é certa “Louis Drax não é um rapaz comum” e o último acidente que Louis teve levou-o para um estado de coma profundo. A partir daqui é construída toda a história. Acontecimentos passados e escolhas feitas, a tentativa de acordar Louis Drax, a visão deste rapaz de nove anos, a vida do médico neurologista Pascal Dannachet, a forma com estes dois personagens vão estar tão ligados comunicando através do subconsciente, a misteriosa mãe Natalie Drax e o desaparecimento do pai Pierre Drax. 

Os diferentes episódios do livro vão sendo contados por Louis Drax enquanto está em coma, mas também pelo médico Pascal Dannachet juntamente com os restantes personagens.
Com uma escrita absolutamente fascinante Liz Jensen tem uma capacidade muito inteligente de prender o leitor no decurso da narrativa. Vai introduzindo indícios que nos impulsionam a não parar de ler. É sem sombra de dúvida um livro muito bem construído.

Cheio de mistérios e suspense, é também um livro psicológico que fala de amor e ódio e como estes sentimentos tão antagónicos podem estar intrinsecamente ligados de uma forma quase doentia.
As escolhas que fazemos, boas ou más, com intenção de ajudar ou não refletem-se no percurso da nossa vida, no nosso futuro. Por vezes, saímos a ganhar e somos felizes com essas escolhas, mas por outras vezes, aprendemos da pior maneira, refletimos e sofremos as consequências das nossas escolhas, o destino vai sendo traçado por nós.

Os conflitos das relações humanas são uma presença constante e a visão feita pela autora através da mente de Louis Drax no seu estado comatoso é absolutamente deliciosa. Confesso que ao contrário da visão fascinante trazida pela autora através de Louis Drax, me desiludiu um pouco a falta de vigor e a narrativa pouco empolgante dos restantes personagens. No entanto, saliento mais uma vez que o livro está extraordinariamente bem escrito e é sem dúvida um livro a ler.

“ (…) Não sei porquê; por vezes, não me compreendo a mim próprio (…)”

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Trilogia da Cidade de K. - Agota Kristof

Sinopse

Trilogia da Cidade de K. - título originalmente concebido pela autora para a presente edição portuguesa - reúne num só volume três romances de Agota Kristof, escritora húngara que, em 1956, fugiu do seu país para se radicar na Suíça, começou por publicar separadamente, mas que formam um conjunto dotado de uma extrema e paradoxal unidade.
Através de páginas de uma beleza profundamente despojada e da história de dois gémeos que os acasos da vida acabam por separar de forma irremediável, o leitor é confrontado com um universo sufocante que, mais do que simbolizar o carácter afinal equivalente das sociedades totalitárias do leste europeu e das sociedades consideradas "livres", reflecte a revolta contra o absurdo e a violência da moderna condição humana.

A minha opinião

Este livro reúne três volumes também editados separadamente: O caderno grande, A prova e A terceira mentira.
A história acontece num país e durante uma guerra que não estão identificados.
Uma mulher, cujo marido está na frente da guerra, não consegue sustentar os seus filhos gémeos Lucas e Claus e deixa-os aos cuidados da sua mãe, uma pessoa fria, sem asseio, que os obriga a trabalhar, não os deixa ir à escola e os priva do conforto e qualidade de vida. A avó é conhecida como bruxa e mal vista pela vizinhança.
Os gémeos trabalham na horta, mas, às escondidas, estudam com um dicionário e uma bíblia, além de fazerem exercícios para aprenderem a fazer face à dureza da vida. Desenvolvem artes circences e começam a dar espectáculos em tascas, ganhando assim algum dinheiro.
Os capítulos, no início do livro, são curtos e muito fáceis de ler.
A linguagem é simples e limpa. Os acontecimentos são descritos da forma como são apreendidos pelos dois meninos que, por esta altura, têm 9 anos.
Há imensos diálogos, o que ajuda a tornar a leitura muito fluída.
No final da guerra, os irmãos, agora com 15 anos, separam-se: um fica na casa da avó e o outro atravessa a fronteira.
A partir daqui a narrativa prossegue com a vida de Lucas, os seus relacionamentos amorosos, o filho deficiente de Yasmin que adopta e trata como se fosse realmente seu filho. Tudo isto num período conturbado do pós-guerra, com insurreições e contra-revoluções.
Na última parte do livro, passados 30 anos, a história é novamente apresentada à luz de outra realidade. E as dúvidas surgem. Lucas e Claus seriam realmente gémeos ou apenas existia um deles que tinha inventado o outro? Algumas das personagens dos primeiros capítulos exitiram de facto como foi relatado ou tiveram outros papéis? Serão apenas delírios derivados da idade avançada da personagem? Neste 3º volume os principais episódios da história inicial são recontados de uma forma completamente diferente, o que deixa o leitor um pouco baralhado e a pensar que, afinal, tudo não passou de uma mentira.
Nas derradeiras páginas somos confrontados com a solidão, a velhice sem família, sem dinheiro, sem amigos ou objectivos. Interessa tão somente chegar ao fim de cada dia, sobreviver.
No final ficamos a saber se de facto eram dois irmãos ou era mesmo só um que imaginou tudo para fugir à solidão. E isso, claro, não posso revelar aqui. Terão que ler o livro.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A Villa - Nora Roberts

Sinopse

O talento de Nora Roberts melhora com a idade – tal como um bom vinho.

Sophia é a herdeira do negócio de vinhos da próspera família Giambelli. Sob ordens da sua avó, ela tem de aprender todas as etapas da produção de vinho. O seu tutor, Tyler MacMillan, é um jovem atraente com uma grande paixão pelas vinhas, mas apenas desprezo pelo mundo de negócios. À partida, esta promete ser uma parceria difícil, mas quando a reputação dos vinhos Giambelli começa a ser misteriosamente atacada, a difícil relação transforma-se num inesperado romance. Infelizmente alguém ambiciona destruir mais do que o negócio de vinhos. Mas só quando o pai de Sophia é morto e os membros da família se tornam suspeitos, é que a verdadeira dimensão da ameaça é revelada. Será que a própria família Giambelli está em risco? E o que pode um frágil amor perante tamanha teia de manipulação?

Críticas da imprensa

"Uma heroína que irá encantar os leitores."
Usa Today

"O grande dom de Nora Roberts é a sua habilidade em arrebatar o leitor para a vida das suas personagens... vivemos, amamos, sofremos e triunfamos com elas!"
Rendezvous

"Nora Roberts é uma artista da palavra. Pinta a sua história e as suas personagens com vitalidade e realismo!"
Los Angeles Daily New

A minha opinião

Gostei! Antes de mais, nota-se que Nora Roberts pesquisou muito sobre vinhos e sobre todo o processo desde o cultivo e os cuidados a ter com as vinhas até aos tipos de vinhos, as suas cores e paladares.
A história tem mais complexidade do que a d'O Recife, que li anteriormente. Mais personagens e, por isso mesmo, um enredo que exigiu mais concentração.
Amor, mortes, intrigas e união da família são as palavras-chave desta saga familiar que, quando a mim, Nora Roberts soube urdir muito bem.
A autora sabe como agarrar o leitor, sem grandes e fastidiosas descrições e sim com acção e algum suspense. Sabemos quem são os bons e os maus desde o início e, pricipalmente, quem é o grande vilão. Mas, no fim, há uma surpresa: afinal alguém insuspeito fez algo que não posso revelar para não perderem o interesse pela história.
Um livro que vale a pena ler, mesmo para aqueles que são cépticos como eu era em relação às narrativas românticas da Nora.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Depois de morrer aconteceram-me muitas coisas – Ricardo Adolfo

Sinopse

Dez anos depois de ter saído de Portugal, Ricardo Adolfo conta agora a história de um jovem casal de imigrantes ilegais, que um dia se perde e não consegue encontrar o caminho para casa.

Brito é imigrante ilegal numa cidade que não conhece e cuja língua não fala. Um domingo à tarde, depois da volta das montras, perde-se a caminho de casa com a mulher e o filho pequeno.

E como acredita que para tomar uma decisão acertada tem de fazer o contrário daquilo que acha que está correcto, o regresso a casa revela-se impossível. Depois de uma noite na rua, Brito percebe que se não pedir ajuda pode ficar perdido para sempre, mas se o fizer pode arruinar o sonho de uma vida nova.
Em pouco mais de vinte e quatro horas, Depois de morrer aconteceram-me muitas coisas explora o que é viver imigrado dentro de si mesmo - mais difícil do que qualquer exílio. “E não havia maneira de me habituar a viver morto.”

Sobre o autor

Nasceu em Luanda em 1974. Viveu nos arredores de Lisboa, em Macau e em Londres. De momento vive em Amesterdão.
Ricardo Adolfo divide o seu tempo entre a escrita e a publicidade. Começou por publicar a colecção de contos Os chouriços são todos para assar (2003), que se seguiu o romance Mizé (2006), já traduzido para diversas línguas.

Críticas sobre Depois de morrer aconteceram-me muitas coisas

“A nova literatura portuguesa passa obrigatoriamente por aqui.” Valter Hugo Mãe
“A partir de Amesterdão, onde vive, o jovem escritor português Ricardo Adolfo observa o seu país com feroz e acutilante ironia. Talvez só de longe seja possível ver tão perto. Um escritor que Portugal precisa de descobrir” José Eduardo Agualusa

A minha opinião

Gostei do título, gostei da capa e entusiasmei-me pelo facto de ser um autor português. Posso adiantar que fiquei deslumbrado pela escrita tão diferente e nada convencional de Ricardo Adolfo.
Este romance retrata a vida de Brito, Carla e o filho de ambos, imigrantes na “Ilha”, na tentativa vã de melhorar a condição de vida. Porém, as coisas não correm pelo melhor e esta família vê-se perdida, excluída e só.
É um tema bastante actual, onde Ricardo Adolfo perspectiva a imigração do ponto de vista da exclusão social e a incapacidade de adaptação a diferentes realidades.

Fala de saudade: “As saudades comiam-me tanto, que quando ouvia alguém da terra, na rua, seguia-os. Não metia conversa. Faltava-me sempre lata… A única diferença é que não o fazia por coscuvilhice, mas por necessidade”.
Fala de solidão: “Um dia, sozinho, a caminho de casa, deixei-me ir contra um poste só para me certificar de que estava mesmo lá, para ter a certeza de que eu não era imaginação minha. Existia segundo o poste, e nunca cheguei a perceber porque é que ninguém me via”.
Fala de exclusão: “A vida continuava a acontecer em estrangeiro e sem legendas.”
Fala de incertezas: “Decidi que daí em diante deveria fazer sempre o contrário daquilo que achava estar certo. Ia fazer as coisas mal para me sair bem”.

O que mais gostei foi sem dúvida a escrita de Ricardo Adolfo, os textos e diálogos entre os personagens são fantásticos, sempre com uma ironia bem vincada. O que gostei menos foi o arrastar da história, a certo ponto achei-a um pouco monótona. Porém, é, sem dúvida, obrigatório seguir este autor.

Frase que fica: “As pessoas pediam a Deus, Ele não fazia nada, as coisas acabavam por acontecer e depois Ele vinha com contas. Só a hipótese de represálias era suficiente para pôr qualquer um de joelhos a caminho da amiguinha d’Ele, a Fatinha”.


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