segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

As velas ardem até ao fim - Sándor Márai

Sinopse

Um pequeno castelo de caça na Hungria, onde outrora se celebravam elegantes saraus e cujos salões decorados ao estilo francês se enchiam da música de Chopin, mudou radicalmente de aspecto. O esplendor de então já não existe, tudo anuncia o final de uma época. Dois homens, amigos inseparáveis na juventude, sentam-se a jantar depois de quarenta anos sem se verem. Um, passou muito tempo no Extremo Oriente, o outro, ao contrário, permaneceu na sua propriedade. Mas ambos viveram à espera deste momento, pois entre eles interpõe-se um segredo de uma força singular...

A minha opinião

«Dois velhos amigos, quando o sol já se pôs sobre eles, têm muitas recordações.»

Li este livro com imenso prazer. A escrita de Sándor é pura poesia, é encantadora e muito tranquila.
Trata-se de um livro de memórias, no qual é feita uma profunda reflexão sobre a amizade, mas também sobre a traição, a solidão, a tristeza, a morte, a mentira, a paixão, a velhice. No fundo é uma análise da natureza humana.
Henrik e Konrád conheceram-se quando tinham 10 anos, no colégio militar. Estudam juntos e vivem juntos durante vários anos. Mas, entretanto, algo acontece e, sem despedidas, perdem o contacto durante 41 anos.
Agora, ambos com 73 anos, reencontram-se num jantar - que recria o ambiente do seu último encontro - e, à luz de velas, o passado e os segredos são revelados através de um monólogo de Henrik.

Excertos

«Tudo perdura no tempo, mas torna-se tão pálido como aquelas fotografias muito antigas que ainda foram fixadas em chapas metálicas.»

«Uma pessoa sabe sempre a verdade, essa outra verdade que é oculta pelas representações, pelas máscaras e pelas circunstâncias da vida.»

«Os dois velhos observaram-se com aquela ponderação oscilante, com que só pessoas de idade percebem os fenómenos físicos: com muita atenção, examinando só o essencial, procurando no rosto e no comportamento os últimos sinais de vitalidade, os vestígios restantes da vontade de viver.»

«Aquilo que é importante, não esqueces nunca. Vim a saber isso apenas mais tarde quando comecei a envelhecer. Mas as coisas de pouca importância não existem, uma pessoa deita-as fora como os sonhos.»

«Essa pessoa que entregou a sua alma e o seu destino à solidão, não tem fé. Apenas espera. Espera aquele dia ou hora em que possa discutir mais uma vez, com a pessoa ou as pessoas que o levaram àquela situação, tudo o que o obrigou a aceitar a solidão. Prepara-se para tal momento (...) como se prepara para um duelo. (...) Porque existe um duelo na vida, sem espadas (...). E esse é o mais perigoso.»

«(...) só através dos pormenores podemos perceber o essencial, aprendi assim nos livros e na vida. É preciso conhecer todos os detalhes, porque nunca sabemos qual deles é importante, quando pode uma palavra iluminar um facto.»

1 comentário:

Jojo disse...

Olá!
Quero muito lê-lo. O tempo é que não dá para tudo. Os excertos são belíssimos.

Bjoka*

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