quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A Sombra da Águia - Arturo Pérez-Reverte

Sinopse

A Sombra da Águia, que Arturo Pérez-Reverte publicou em 1993 nas páginas do El País sob a forma de folhetim, e que se encontrava até hoje inédita em Portugal, é, na sua aparente simplicidade, uma das obras que melhor espelha o virtuosismo literário do seu autor, o seu sentido de humor e a sua fidelidade aos grandes temas do ser humano, como a guerra, o heroísmo anónimo, a noção de Pátria.
A história é baseada num acontecimento real: em 1812, durante a Campanha da Rússia, num combate adverso para as tropas napoleónicas, um batalhão de antigos prisioneiros espanhóis, alistados à força no exército francês, tenta desertar, passando-se para os russos. Interpretando erroneamente o movimento, o Imperador encara-o como um acto de heroísmo e envia em seu auxílio uma carga de cavalaria que terá consequências imprevisíveis.
Ao mesmo tempo divertido e trágico,
A Sombra da Águia revela-nos uma visão mordaz e descarnada da guerra e da condição humana. Uma pequena pérola com a assinatura do mais importante escritor espanhol da actualidade.

Críticas de imprensa

Não é um romance de guerra puro nem pretende ser. Mas a reflexão é tão inteira e honesta como o riso que nos vai sendo arrancado, de forma pacífica sem recurso a artilharia pesada.
Revista Time Out

A minha opinião

Este livro fez-me dar umas boas gargalhadas.
A sinopse é muito clara quanto ao conteúdo do livro. Napoleão, ou melhor, "le petit cabrão" ou "anão maldito", viu o Segundo Batalhão do 326 da Infantaria de Linha "naqueles milheirais cheios de mortos como se alguém tivesse estado a passear por ali com uma máquina de picar carne" em direcção às tropas russas. Sucede que eles estavam a desertar e o Imperador interpretou a movimentação como um acto heróico.
Por seu turno, os "Ivan" ou os "artilheiros ruskis" (ou seja, as tropas russas) "vêem que pela ladeira sobem quatrocentos energúmenos eriçados de baionetas e gritando como possessos".
É a partir daqui que se desenrola um episódio triste, mas desenvolvido numa escrita hilariante.
Napoleão nunca é chamado pelo nome, mas sim pelos nomes referidos e outras expressões pouco abonatórias.
Com ele surgem outras personagens que nos fazem rir: o general Labraguette que "gaguejava sempre sob o fogo e nos bordéis, porque na Campanha de Itália tinha sido apanhado por um bombardeamento austríaco numa casa de putas"; o coronel Alix que "tinha fama de fiteiro e gabarola" e "todos os marechais teriam gostado de o ver partir uma perna ao desmontar [o cavalo]"; Murat com os seus "caracóis de madame Lulu e com menos miolo que um mosquito"; ou ainda, entre outros, o sargento Peláez, um tal que foi morto por uma granada que o "transformou em miudezas sortidas", em "charcutaria fresca".
Em suma, passei bons momentos de leitura na companhia deste livro e transcrevo uma fala do petit cabrão sobre os espanhóis: "Aqueles filhos da puta já são difíceis como aliados, de modo que quando souberem que lhes estamos a fuzilar os compatriotas para que aquele tipo, o Goya, os pinte a óleo, imagine o caldinho que nos podem arranjar."
Sem sombra de dúvida que recomendo vivamente esta Sombra da Águia!!!

Ler o primeiro capítulo do livro aqui.

1 comentário:

JM disse...

Sou adepta convicta da história militar e a tua crítica, juntamente com as que li na Estantes dos Livros, deixou-me cheia de vontade de ler! Boa ideia os excertos :)

Se quiseres dá uma espreitadela no meu "cantinho": http://favouritereadings.blogspot.com/

Parabéns!

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