Luis Sepúlveda regressa ao romance com uma grande homenagem ao idealismo dos perdedores.
Num velho armazém de um bairro popular de Santiago do Chile, três sexagenários esperam impacientes pela chegada de um quarto homem. Cacho Salinas, Lolo Garmendia e Lucho Arencibia, antigos militantes de esquerda derrotados pelo golpe de estado de Pinochet e condenados ao exílio, voltam a reunir-se trinta e cinco anos depois, convocados por Pedro Nolasco, um antigo camarada sob cujas ordens vão executar uma arrojada acção revolucionária. Mas quando Nolasco se dirige para o local do encontro é vítima de um golpe cego do destino e morre atingido por um gira-discos que insolitamente é lançado por uma janela, na sequência de uma desavença conjugal...
Prémio Primavera de Romance 2009, A Sombra do que Fomos é um virtuoso exercício literário posto ao serviço de uma história carregada de memórias do exílio, de sonhos desfeitos e de ideais destruídos. Um romance escrito com o coração e o estômago, que comove o leitor, lhe arranca sorrisos e até gargalhadas, levando-o no fim a uma reflexão profunda sobre a vida.
A minha opinião
O livro começa bem: minutos após terem assaltado um banco (o primeiro assalto a um banco na História do Chile), os infractores passam num talho e compram 2 kg de chouriço de sangue. O leitor, desde as primeiras páginas, é confrontado com momentos e conversas com muito humor. E foi precisamente isso que mais me cativou neste livro, a minha estreia com o Luis Sepúlveda.
Três homens recordam o passado, projectando a sombra do que foram, que dá título ao livro, enquanto esperam um quarto homem, que nunca chegará porque, quando ia ao seu encontro, foi morto acidentalmente por um gira-discos atirado de uma janela.
Para mim, este pequeno livro só peca pelas demasiadas referências históricas. Embora sinta que são necessárias para uma melhor compreensão e enquadramento dos factos, estas constantes "explicações" desviaram-me um pouco do enredo principal.
Citação
«Nunca confies na memória porque está sempre do nosso lado: suaviza a atrocidade, dulcifica a amargura, põe luz onde só houve sombras. A memória tende sempre à ficção.»
in pág. 156
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