Um romance policial arrepiante e soberbamente escrito passado no gueto judaico de Varsóvia. Narrado por um homem que por todas as razões devia estar morto e que pode estar a mentir sobre a sua identidade…
No Outono de 1940, os nazis encerraram quatrocentos mil judeus numa pequena área da capital da Polónia, criando uma ilha urbana cortada do mundo exterior. Erik Cohen, um velho psiquiatra, é forçado a mudar-se para um minúsculo apartamento com a sobrinha e o seu adorado sobrinho-neto de nove anos, Adam. Num dia de frio cortante, Adam desaparece. Na manhã seguinte, o seu corpo é descoberto na vedação de arame farpado que rodeia o gueto. Uma das pernas do rapaz foi cortada e um pequeno pedaço de cordel deixado na sua boca. Por que razão terá o cadáver sido profanado?
Erik luta contra a sua raiva avassaladora e o seu desespero jurando descobrir o assassino do sobrinho para vingar a sua morte. Um amigo de infância, Izzy, cuja coragem e sentido de humor impedem Erik de perder a confiança, junta-se-lhe nessa busca perigosa e desesperada.
Em breve outro cadáver aparece - desta vez o de uma rapariga, a quem foi cortada uma das mãos. As provas começam a apontar para um traidor judeu que atrai crianças para a morte.
Neste thriller histórico profundamente comovente e sombrio, Erik e Izzy levam o leitor até aos recantos mais proibidos de Varsóvia e aos mais heróicos recantos do coração humano.
É um livro bastante denso, sobretudo pela tristeza/revolta que provoca ao lê-lo.
Transmitiu-me com demasiada dureza a realidade da vida num gueto e, mais tarde, num campo de concentração. E, se o primeiro é uma verdadeira prisão, o segundo é incomportavelmente desumano.
Várias vezes fechei o livro devido às emoções que me provocava, voltando a pegar nele mais tarde e pegando em livros "mais leves" pelo meio.
Acho que está muito bem escrito e adorei. Contudo, considerando-me uma pessoa sensível, por vezes ficava verdeiramente aflita com os acontecimentos, embora mais enriquecida com os novos conhecimentos adquiridos.
A dada altura, mais perto do fim, as revelações são surpreendentes. Mas quando tudo parece que está a ficar bem, o pior acontece.
Este livro fez-me pensar na pessoa em que nos podemos transformar, quanto tudo à nossa volta se destrói e os nossos entes mais queridos morrem. Viver sem esperança transforma-nos em seres frios, que vivem em função de um sentimento de vingança que tem que ser satisfeito custe o que custar. Para a personagem principal, a necessidade de justiça-pelas-próprias-mãos era tão importante, que o frio, a fome, a imundice, ocuparam o segundo plano.
Quando terminei a última página e fechei o livro pensei: "Uff... Que sorte não ter vivido nesta época... No gueto não se vivia, sobrevivia-se..."
Um livro obrigatório quer pela forma como a história está urdida, quer pela realidade transmitida.
2 comentários:
Gosto muito do Richard Zimler e tenho este livro à espera para ser lido, estou bastante curiosa.
Ainda não li este novo livro de Zimler que considero um dos melhores escritores da actualidade. Mas não tardará muito certamente.
Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes
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