segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Seis Suspeitos - Vikas Swarup

Sinopse

Até mesmo no crime há um sistema de castas…

Vicky Rai, um playboy filho de um influente político indiano, mata a jovem Ruby num restaurante em Nova Deli apenas porque ela recusa servir-lhe uma bebida. Sete anos depois, Vicky é julgado e absolvido pelo seu crime. E decide celebrar com uma festa de arromba. Mas esta festa vai ter um final inesperado quando Vicky é encontrado… morto.

Entre os 300 glamorosos convidados, a polícia encontra seis pessoas estranhas e deslocadas naquele meio, todas elas com algo em comum: uma arma. Arun Advani, o mais famoso jornalista indiano, está decidido a descobrir o culpado. E, ao fazê-lo, revela-nos as incríveis e emocionantes vidas destes seis excêntricos suspeitos: uma sex-symbol de Bollywood com um segredo vergonhoso; o membro de uma tribo primitiva em busca de uma pedra sagrada; um burocrata corrupto que acredita ser o novo Gandhi; um turista americano apaixonado por uma actriz; um ladrão de telemóveis com sonhos grandiosos e um político ambicioso disposto a tudo. Cada um deles teve motivos mais do que suficientes para premir o gatilho.

E poderá o leitor confiar nas revelações do jornalista? Ou terá, também ele, algo a esconder?

Inspirado em acontecimentos reais, o muito aguardado segundo romance de Vikas Swarup é um livro de leitura compulsiva que oferece um olhar perspicaz sobre a alma e coração da Índia contemporânea.


A minha opinião

Colossal é a palavra. Concordo plenamente com o The Guardian quando define com esta palavra o mais recente livro de Vikas Swarup, o autor do livro Quem quer ser bilionário?.
A sinopse resume tudo. Vicky Ray, um playboy irritante que matou uma jovem à queima-roupa apenas porque esta se recusou a servir-lhe uma bebida, é assassinado numa festa em sua própria homenagem.
Existem seis pessoas, totalmente diferentes umas das outras, que se cruzam directa ou indirectamente com Vicky que, quanto a mim, fez por merecer o final que teve.
São elas: uma famosa actriz de Bollywood; um membro de uma tribo em demanda de uma pedra sagrada roubada da sua aldeia; um burocrata corrupto que julga ter encarnado o espírito de Gandhi; um americano um pouco tolo apaixonado pela sua noiva indiana que conheceu via internet; um ladrão de telemóveis e um político corrupto que é o próprio pai de Vicky Ray.
Como é anunciado, penso que este livro não tem nada a ver com Agatha Christie, pois há aqui uma grande incidência na História recente da India e no dia-a-dia, sobretudo no âmbito da corrupção, que leva o leitor a crer que quase tudo é negociável e os interesses pessoais estão acima do bem da comunidade. Aparentemente, o autor quis mostrar tudo aquilo que está mal na India. Ao contrário de Christie, aqui não estamos a todo o momento a ser confrontados com pistas falsas que nos levam a crer que já sabemos quem é o assassino. Aqui, vamos saboreando as vivências da cada personagem, sem nos lembrarmos que há um assassinado à espera, dando umas gargalhadas, sobretudo com o suspeito americano, um tipo tonto que tem alguns diálogos hilariantes.
O final é verdadeiramente alucinante. As revelações surpreendentes aparecem em catadupla e, em cada revelação, é apontado(a) um(a) novo(a) culpado(a). Contudo, só na última página podemos respirar de alívio com o caso já solucionado. Só posso dizer que entre suspeitos iniciais e suspeitos finais, quem matou Vicky foi alguém que não estava de certeza no meu rol de possíveis assassinos. Adorei a variedade de personagens e a interligação entre algumas delas.
Logo que possa, vou ler o outro livro de Vikas Swarup e é quase certo que vou ficar com pena de que o autor não tenha ainda outros livros no mercado.


sábado, 21 de agosto de 2010

Os apanhadores de conchas - Rosamunde Pilcher

Sinopse

Penelope Keeling, filha de artista, é uma mulher suficientemente independente e activa para aceitar passivamente a velhice.
Olha para trás e recorda a sua vida: uma infância boémia em Londres e em Cornwall, um casamento desastroso durante a guerra e o homem que ela verdadeiramente amou.
Teve três filhos e aprendeu a aceitar cada um deles com as suas alegrias e desilusões.
Quando descobre que o seu bem mais importante vale uma fortuna - Os Apanhadores de Conchas -, um quadro que o pai lhe deu de presente e pintado por ele próprio, é ela que passa a decidir e determinar se a sua família continuará a ser mesmo uma família ou se se fragmentará definitivamente.
Os Apanhadores de Conchas é o 13º livro de Rosamunde Pilcher e é, sem dúvida, o seu melhor romance, confirmado pelas inúmeras semanas na lista dos best-sellers da revista americana Publishers Weekly e do The New York Times Book Review.

A minha opinião

Penélope é a adorável personagem principal. Muito correcta e de espírito aberto para a época, é a filha de um pintor, autor do quadro "Os apanhadores de conchas", à volta do qual (e não só) se desenrola a história.
Olivia, Nancy e Noel são os seus filhos. E estes começam a interessar-se pelo valioso quadro.
O leitor vai saltando entre o presente - anos 80 - e o passado - por altura da 2ª Guerra Mundial - ficando a conhecer todo o percurso de vida de Penélope, que os próprios filhos desconhecem.
As personagens são demasiado formais, quer nos pensamentos, quer nos diálogos. Não deixam transparecer emoções, embora as sintam. São contidas, mas o leitor apercebe-se muito bem dos seus sentimentos.
Os capítulos têm os nomes das várias personagens (incluindo outras para além das referidas). E, em cada um, vai-se desvendando um pouco mais do seu interior.
E mesmo aquelas que têm atitudes menos positivas, acabam por ser "perdoadas" pelo leitor, que se apercebe da sua forma de encarar a realidade, das suas inseguranças, dos seus medos e dos seus motivos.
Gostei mesmo da escrita de Rosamunde Pilcher. É bastante elucidativa, sem ser fastidiosa, e também bastante envolvente. Um verdadeiro prazer!
Para mim, foi um daqueles livros que, quando não estava a ler, estava a pensar nele.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Dewey - The small-town library cat who touched the world - Vicki Myron

Sinopse

How much of an impact can an animal have? How many lives can one cat touch? How is it possible for an abandoned kitten to transform a small library, save a classic American town, and eventually become famous around the world? You can't even begin to answer those questions until you hear the charming story of Dewey Readmore Books, the beloved library cat of Spencer, Iowa.

Dewey's story starts in the worst possible way. Only a few weeks old, on the coldest night of the year, he was stuffed into the returned book slot at the Spencer Public Library. He was found the next morning by library director Vicki Myron, a single mother who had survived the loss of her family farm, a breast cancer scare, and an alcoholic husband. Dewey won her heart, and the hearts of the staff, by pulling himself up and hobbling on frostbitten feet to nudge each of them in a gesture of thanks and love. For the next nineteen years, he never stopped charming the people of Spencer with his enthusiasm, warmth, humility (for a cat), and, above all, his sixth sense about who needed him most.

As his fame grew from town to town, then state to state, and finally, amazingly, worldwide, Dewey became more than just a friend; he became a source of pride for an extraordinary Heartland farming town pulling its way slowly back from the greatest crisis in its long history.


A minha opinião


Adoro animais e sempre convivi com gatos. No ano passado li o livro Marley & Eu, de John Grogan, e gostei imenso, pese embora o final triste.
Quando peguei em Dewey esperava algo do género, mas não foi bem isso que encontrei.
Foi interessantíssimo perceber como um gato foi parar a uma biblioteca (outro espaço que eu adoro!) e a forma como interagia com os funcionários e os visitantes do local.
Contudo, a autora perdia-se muitas vezes na história de Spencer, a localidade onde está sediada a biblioteca, e sobre a sua própria vida pessoal, o que, devido à frequência e demasiada importância dada, se tornava maçador para mim, que, como leitora, apenas queria saber das vivências e manias de Dewey.
Estive para pôr o livro de lado várias vezes, mas a sede de saber mais sobre o gato levou-me, com custo, a lê-lo até ao fim. Contudo, confesso que saltei as partes mais chatas, que, quanto a mim, não acrescentavam nada de útil à história que eu queria acompanhar.
Dewey não está definitivamente è altura de Marley & Eu, que, além de ser bem mais interessante, tem muitos apontamentos de humor.
Na minha opinião, só mesmo quem goste muito de gatos é que poderá, eventualmente, gostar deste livro, pela ternura que o protagonista transmite. E, mesmo assim, não me parece que esses leitores venham a adorar o livro.

Existe um site dedicado ao Dewey: http://www.deweyreadmorebooks.com/

(Na foto: Dewey com Vicki Myron)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

As flores do templo - Rani Manicka

Sinopse

Da autora do best-seller A GUARDIÃ DOS SONHOS, um romance inquietante com um início mágico e um final maldito.

Após a morte da mãe, as jovens e belas gémeas Nutan e Zeenat vêem-se forçadas a abandonar a paradisíaca ilha de Bali e a protecção da sua avó, uma grande especialista em magia, tradições e lendas, para se instalarem em Londres, onde tentam ganhar a vida trabalhando num café. Aí conhecem Ricky, um jovem sedutor siciliano que lhes abre as portas do Templo da Aranha, um local decadente e excessivo que mudará para sempre as suas vidas.
Um pintor, a amante de um milionário, uma prostituta e um cabeleireiro de sucesso, todos eles habitantes deste romance, acompanham as duas irmãs nesta aventura carregada de sentimentos, que percorre a frágil fronteira entre a vida e a morte, a corrupção e a inocência.


A minha opinião

Adorei!!!
Comprei este livro, porque uma parte dele é passada em Bali, o meu destino de férias este ano e o local onde o li. A avaliar pelo título e pela capa, pensava que seria uma história mais light, ideal para férias.
Mas enganei-me. É um livro profundo, que nos faz pensar sobre a vida, a morte, o falgelo das drogas, o mundo cruel da prostituição. E também sobre aquelas pessoas a quem essas situações passam ao lado, com vidas mais simples, menos faustosas, mas, sem dúvida, muito mais felizes.
Amei a escrita desta autora, de quem entretanto já adquiri A guardiã dos sonhos. Envolve-nos e transmite-nos sensações. E, para mim, transmite, principalmente, os cheiros. Bali tem cheiro de ylang-ylang. Há flores destas por todo o lado e os ventos fazem o seu aroma bailar pelos ares.
Mas, tirando os aspectos relacionados com a ilha, o livro é também passado na Toscana (e aí sentimos o aroma do azeite) e em Londres, mais concretamente num sub-mundo ligado à droga e prostituição. Não a Londres turística.
O livro está dividido em capítulos aos quais corresponde o nome de uma personagem e essa personagem conta a alguém (que no final identificamos) a sua visão dos acontecimentos. E a escrita é de tal forma sentida, que parece que entramos na cabeça dos narradores e isso não deixa o leitor ficar com raiva daqueles que cometem erros, mas sim com pena, com vontade de dar conselhos para que sigam por outro caminho.
Em suma, é um livro que me surpreendeu bastante pela positiva e uma autora até agora desconhecida que passei a admirar.


O nome do vento - Patrick Rothfuss

Sinopse

Da infância como membro de uma família unida de nómadas Edema Ruh até à provação dos primeiros dias como aluno de magia numa universidade prestigiada, o humilde estalajadeiro Kvothe relata a história de como um rapaz desfavorecido pelo destino se torna um herói, um bardo, um mago e uma lenda. O primeiro romance de Rothfuss lança uma trilogia relatando não apenas a história da Humanidade, mas também a história de um mundo ameaçado por um mal cuja existência nega de forma desesperada. O autor explora o desenvolvimento de uma personalidade enquanto examina a relação entre a lenda e a sua verdade, a verdade que reside no coração das histórias. Contada de forma elegante e enriquecida com vislumbres de histórias futuras, esta "autobiografia" de um herói rica em detalhes é altamente recomendada para bibliotecas de qualquer tamanho.

A minha opinião

O livro começa por nos apresentar Kote, um estalajadeiro misterioso, reservado, que mede as palavras quando fala.
Na estalagem Pedra de Caminho reúnem-se homens para comer, beber e contar histórias. Mas, um dia, essas histórias deixam de ser apenas contadas, para passarem a ser vividas. E algo demoníaco parece assombrar os pensamentos de todos, que se deixam dominar pelo medo. Apenas Kote conhece a verdadeira dimensão do perigo.
Trata-se de uma personagem enigmática, cujas características vão sendo desvendadas. O leitor é mantido em constante expectativa, pois muitas explicações permanencem ocultas.
Quem é, afinal, aquele que se diz Kote?
Kvothe, de seu verdadeiro nome, é reconhecido por um Cronista e dispõe-se a contar as suas memórias em 3 dias. É aqui que começa verdadeiramente a história deste livro.
A narrativa tem vários interlúdios, nos quais volta ao presente, à Pedra de Caminho , ao Cronista e a Bast, outra personagem envolta em mistério que ajuda Kvothe na estalagem.
Da vida passada do protagonista não vou falar. Apenas digo que Rothfuss tem uma escrita deliciosa, quase poética, inspirada (e inspiradora) e sensível. Por vezes, senti necessidade de parar a leitura e reler alguns trechos para melhor saborear as suas palavras e os seus ensinamentos.
Quero ainda referir que o "lado amoroso" deste livro foi o que menos me cativou. Além de praticamente inexistente, de entre duas das personagens femininas apresentadas eu escolheria a Devi e não a Denna para par romântico de Kvothe.
Apesar do já tão falado tamanho e peso do livro (966 páginas e 1.220 Kg!!), esta é uma obra obrigatória para quem gosta de fantasia.


Excertos

«Quando somos crianças, raramente pensamos no futuro. Esta inocência deixa-nos livres para nos divertirmos como poucos adultos conseguirão. O dia em que nos preocupamos com o futuro é também o dia em que deixamos a infância para trás.»

«Partes da minha mente permaneciam adormecidas e as minhas memórias dolorosas cobriam-se de pó atrás da porta do esquecimento. Habituara-me a evitá-las, da mesma forma que um aleijado se habitua a não apoiar o seu peso sobre uma perna ferida.»

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