domingo, 28 de fevereiro de 2010

Lua-de-Mel em Paris - Elizabeth Adler

Sinopse

Paris, a cidade mais romântica do mundo, é palco de luas-de-mel de sonho e de paixões recentemente descobertas. E para Lara Lewis é o lugar onde ela e o marido viveram o amor no seu melhor. Mais de vinte anos depois, Lara deseja reacender a chama do seu casamento e planeia uma aventura romântica para os dois: reconstituir todos os momentos da sua idílica lua-de-mel em Paris e pela França, visitar os mesmos lugares, comer nos mesmos restaurantes, explorar as mesmas aldeias mágicas. Porém, quando o marido lhe diz, à última hora, que existe outra mulher na sua vida, o coração de Lara quase se estilhaça em mil pedaços.

Algures na estrada da vida, Lara perdeu-se a si própria. Agora, terá de descobrir um novo rumo para a sua existência. Inesperadamente, Lara dá um passo ousado e convida um homem, mais novo e com quem ela acaba de se envolver, para fazer a tão desejada segunda lua-de-mel. O que se segue é a história de dois apaixonados errando pela França numa louca aventura romântica, que se inicia com voos perdidos e bagagem extraviada e termina como sendo a viagem de uma mulher para se encontrar a si própria e ao amor que lhe escapou a vida inteira.

Lua-de-mel em Paris é uma incursão apaixonante pelos sabores, sons, paisagens e aromas de França e a história de uma mulher que se reconcilia com o seu passado e se converte na mulher que sempre desejara ser.


Críticas de imprensa

«Profundamente envolvente, esta aventura romântica é perfeita para todos os que se sentem atraídos por Paris e pela França.»
Hello!

«Adler retrata a dinâmica de uma nova relação na perfeição, mas é a descrição pormenorizada e rica de Paris e de França que torna imperdível a leitura deste livro.»
Publishers Weekly

«Uma viagem maravilhosa sobre a luta de uma mulher para recuperar a sua identidade e amor-próprio.»
Romantic Times

«Fantásticas aventuras pela França conduzem a uma intensa jornada de autodescoberta.»
Booklist

A minha opinião

A minha opinião vai totalmente de encontro à da Lia do blogue Gosto de ti livro, que terminou recentemente a leitura deste livro.
Depois de ter lido diversas opiniões em que as descrições da lua-de-mel em Paris aguçavam os nossos sentidos, testemunhei que é mesmo só isso, porque a história em si é demasiado cor-de-rosa, por vezes enjoativa, e com um final fácil .
Resumindo, Lara (45 anos) descobre que o marido lhe é infiel e que o seu casamento terminou. Tendo já planeado uma segunda lua-de-mel com o ele, exactamente pelos mesmos lugares de França que haviam visistado juntos, decidiu manter os planos, mesmo diante do fim do seu casamento. Entretanto, não direi como, ela conhece Dan (32 anos), que se torna seu amante. É então que resolve levá-lo a ele pelo percurso que percorreu na sua primeira lua-de-mel. Mas nada corre como o previsto...
Foi a minha estreia com a Elizabeth Adler e devo dizer que gostei da sua escrita, com muitos diálogos, capítulos pequenos e fáceis de ler. Mas este é um daqueles livros para se ler na praia, entre um mergulho e a aplicação da loção solar. Ou seja, não é necessária grande atenção aos pormenores e nem nos faz puxar pela cabeça.
Não quero com isto dizer que vou colocar a autora de lado. Pelo contrário. Tenho na estante Romance na Toscana e, por me parecer uma história menos "lamechas", tenciono lê-lo em dias mais solarengos.
Longe de mim classificar como um mau livro. A literatura romântica é que não está dentro das minhas preferências e esse foi o principal factor para o livro não me ter "agarrado". Contudo, para quem goste do género, é um livro que certamente fará as vossas delícias, com muitas cenas de um amor idílico e com um final do agrado de todos. Aliás, a capa do livro diz tudo!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

P.S. - Eu amo-te - Cecelia Ahern

Sinopse

Quase todas as noites Holly e Gerry tinham a mesma discussão – qual dos dois se ia levantar da cama e voltar tacteando pateticamente o caminho de regresso ao apetecível leito? Comprar um candeeiro de mesa-de-cabeceira parecia não fazer parte dos planos, e assim o episódio da luz repetia-se a cada noite, num rito conjugal de pendor cómico a que nenhum desejava pôr termo. Agora, ao recordar esses momentos de pura felicidade, Holly sentia-se perdida sem Gerry. Simplesmente não sabia viver sem ele. Mas ele sabia-o, conhecia-a demasiado bem para a deixar no mundo sozinha e sem rumo. Por isso, imaginou uma forma de perpetuar ainda por algum tempo a sua presença junto da mulher, incentivando-a a viver de novo. Mas como se sobrevive à perda de um grande amor? Holly ter-nos-ia respondido: não se sobrevive! Mas Holly sobreviveu!

A minha opinião

Na sequência de ter sido transmitido na TV, no passado dia dos namorados, o filme baseado neste livro e de eu não ter tido oportunidade de ver qual o final reservado para a Holly, resolvi pegar nesta obra, que já acumulava pó na minha estante, e devo dizer que em boa hora o fiz.
Holly e Gerry são almas gémeas. Contudo, o destino faz com que o seu casamento chegue ao fim cedo demais: Gerry morre devido a um tumor no cérebro. Então, antes de morrer, ele deixa várias mensagens escritas para que a sua mulher abra uma por cada mês, durante quase um ano. O objectivo é ajudá-la a superar a perda e incentivá-la a continuar a viver.
O livro fascinou-me mais do que o filme, pois este último é demasiado cor-de-rosa e parece-me que conta com situações que dificilmente seriam realidade. O livro não. A forma como Gerry engendrou as cartas e os seus conteúdos poderiam, de facto, terem sido materializados por uma mente apaixonada.
Não é um livro lamechas nem tristonho. Antes contém inúmeras situações divertidas, algumas até hilariantes. É claro que tem também episódios tristes, nos quais quase chorei com Holly, compadecida com a sua infelicidade por uma perda tão definitiva e com a sua impotência nas alturas em que parecia que todos à sua volta seguiam as suas vidas de forma positiva. Senti que a autora explorou muito bem os sentimentos das pessoas, não só no que diz respeito a Holly, como às personagens com quem se relaciona (amigos, família e colegas de trabalho).
O valor da amizade, mais do que o próprio amor, é fortíssimo neste livro. Apesar de tudo, Holly é uma mulher de sorte.
O final, embora não seja aquele pelo qual eu torcia, é talvez o que mais se aproxima da vida real. A infelicidade não é eterna. E a melhor forma de a driblar é simplesmente... ir vivendo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O Pequeno Incendiário – E.S.Tagino

Sinopse

Depois de nos surpreender com as narrativas "Mataram o Chefe de Posto" e "Nem por Sonhos", E.S. Tagino volta à escrita com "O Pequeno Incendiário". Uma narrativa onde somos convidados a ver o mundo pelos olhos de um menino de 11 anos.
“Tinha onze anos quando o meu avô morreu. Mas não fui ao funeral porque tinha um teste à mesma hora e a minha mãe achou que os meus estudos eram muito mais importantes.” 
Assim tem início uma narrativa rica e sensorial, onde o menino narrador é o nosso anfitrião.
Pelos olhos dele vêmo-lo crescer, e ao seu mundo com ele. A idade da descoberta, dos prazeres da vida, da percepção do mundo dos adultos e das coisas menos belas que este lhe ensina. As relações familiares povoam cada página, enviando-nos frequentemente mensagens subliminares do peso da educação para a formação do indivíduo. Este é um livro para pais e filhos. Tem duas leituras e ambas resultam numa agradável surpresa. O ágil jogo de espelhos prende-nos do princípio ao fim com um sentimento ora terno ora resignado.

Sobre o autor

E. S. Tagino é pseudónimo literário de António José da Costa Neves, natural de Grândola e residente em Almada.
Licenciado em História, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, o autor foi prémio nacional do Ministério da Educação para melhor aluno do ano e bolseiro da Câmara Municipal de Grândola, da Fundação Calouste Gulbenkian e recente vencedor do Prémio Literário Paul Harris – 2007, com a sua obra “Arquivo Morto”.
Bancário, formador, gestor e administrador de empresas, em Portugal e no estrangeiro, combateu em África, na Guerra Colonial, tendo vivido em Moçambique os últimos anos da Administração Portuguesa, o período de transição e os primeiros passos da Independência. Entre 1998 e 2002, por motivos profissionais, regressou a Moçambique tendo, então, amadurecido o romance "Mataram o Chefe de Posto", recente vencedor do Prémio Literário Cidade de Almada 2006.
Ao seu romance "Nem por Sonhos" foi atribuído o Prémio Manuel Teixeira Gomes, 2006/2007.
“O Pequeno Incendiário” é o terceiro livro do autor publicado pela Saída de Emergência.

A minha opinião

“Acredito na força das circunstâncias, porque sei por experiência própria como o heroísmo e a cobardia se decidem quase sempre na corda bamba da irracionalidade”.

Neste livro somos levados a conhecer o mundo pelos olhos de uma criança de 11 anos, a inocência, as primeiras experiências da pré-adolescência, as interrogações, as dúvidas que surgem e que muitas vezes não ficam esclarecidas e também a culpa, os dramas, a dor e incompreensão.
Apesar de tudo, o autor conta toda a história sempre com um humor muito agradável, não fosse a vida real isso mesmo, o que se traduz num romance de leitura fácil no qual se pode retirar bastante prazer. “Mal de quem não consegue rir-se de si próprio”.
Através da visão desta criança reflectimos as nossas próprias experiências e o percurso que fizemos até chegar à idade adulta. Confesso que o que mais me impressionou foi a qualidade dos textos, os pensamentos e sentimentos que nos são transmitidos de forma simples e verdadeira pela escrita do autor:

A inocência: “Mas a maior descoberta foi quando o Quim me trouxe a casinha duma caracoleta moura (…), e ma encostou ao ouvido. Juro que ouvi o mundo. Aquilo é uma zoada tão grande que nem se imagina. Parece o sopro de um milhão de pessoas, mais todos os sons e ruídos do Universo. Nem queria acreditar que, naquela casquinha enrolada, coubesse tanta algazarra.”

A culpa: “(…) Até nisto sou um verdadeiro fracasso. Por mais esforços que faça, sinto que fico, sempre, aquém do muito que lhes devia retribuir. Vou para a cama com um nó na garganta. (…) Sou um desastre absoluto.
Quando, por fim, subi ao quarto, foi como se uma torneira de emoções se tivesse desapertado. Lágrimas, abundantes, correram-me pelas faces”.

A solidão: “(…) e me refugiei dentro de mim próprio, que é a maneira mais agradável que tenho de passar o tempo.”

Não pensem com isto que é um romance nostálgico e triste. Tem episódios deveras engraçados a começar com os personagens que vão surgindo ao longo da história tais como o Ti Serafim, Ti Manuel Silvestre, Ti Carlos Gaudêncio, Bento Pardelha ou Zacarias Carapeta.
A história passa-se no Alentejo durante a ditadura e a guerra colonial. As diferenças de gerações e o peso da doutrina da igreja é também muito visível e presente.
Traz-nos igualmente a importância e forma como os nossos pais e avós conseguem influenciar o nosso crescimento como pessoas (apesar das diferenças). São, de facto, os nossos alicerces e vão ditar o tipo de pessoas que somos e quais os nossos valores ou, pelo menos, têem importância fulcral nessa construção. O resto, aprendemos com a nossa própria vivência.

“A memória da experiência deles, mais do que qualquer curso superior, é a certeza inabalável que guiará, para sempre, a minha vida. (…)
E quem não é feliz consigo próprio não pode ser feliz com os outros. E isto não é o meu avô a falar, nem sequer o meu pai. É apenas um pouco do que aprendi com a vida.”

      

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Chamava-se Sara - Tatiana de Rosnay

Sinopse

Julia Jarmond, uma jornalista americana casada com um arquitecto francês, investiga uma página negra da história francesa recente: a rusga através da qual a Polícia Francesa, na madrugada do dia 16 de Julho de 1942, levou mais de 8 000 judeus franceses para o recinto desportivo do Vélodrome d’Hiver, para que aí ficassem até serem deportados para os campos de concentração.
Descobrindo, horrorizada, o calvário de todas aquelas pessoas que, durante dias, sem água nem alimentos, ficaram a aguardar a deportação, Julia interessa-se, em particular, pelo destino de Sara, uma menina entre as mais de 4 000 crianças que ali estiveram. Sara, acreditando que estava a proteger Michael, o seu irmão mais novo, fechara-o à chave num armário, prometendo-lhe que iria buscá-lo depois.

E depois não conseguiu.

Em Paris, em 2002, Julia, enquanto percorre o passado de Sara, a rusga, a deportação, acaba por ter de reavaliar o seu próprio lugar naquele país, naquele casamento e naquela vida.


A minha opinião

A história começa com um espisódio, passado em Paris, em que polícias franceses entram numa casa e levam uma menina, Sara, e os seus pais. A pequena Sara, com 10 anos, não se afige, pelo facto dos polícias serem franceses e não alemães. Pensa que vão ser levados por pouco tempo e não lhes farão mal. Então, fecha o irmão à chave dentro de um armário e sai com os polícias, levando consigo a chave, achando que mais tarde virá tirá-lo dali. Só que isso não acontece.
O motivo desta rusga? Era uma família de judeus. Corria o ano de 1942.
Paralelamente, mas em 2002, é-nos apresentada Julia, uma jornalista americana a viver em França, casada com um francês e mãe de Zoë, uma rapariga de 11 anos.
Com capítulos curtos e que terminam de uma forma que deixa água na boca e ansiedade pelo próximo acontecimento, o livro vai contando alternadamente as histórias tão diferentes destas duas famílias.
E os episódios vão-se desenrolando, narrados pela inocência e incompreensão de uma menina a quem tiraram tudo e pela modernidade e experiência de uma mulher vivida, a caminho dos 50 anos.
Estas duas narrativas cruzam-se a partir do momento em que Julia é destacada para escrever um artigo sobre o 60º aniversário da grande rusga do Vélodrome d'Hiver, um estádio onde, no dia 16 de Julho de 1942, milhares de judeus foram trancados em condições desumanas e, posteriormente, enviados para Auschwitz em comboios de transporte de gado imundos.
Infelizmente, esta parte do romance é verídica, embora a história de Sara, cuja família foi levada para o Vélodrome, seja ficção. O nome de código da operação era "Brisa da Primavera". A pedido da Gestapo a polícia francesa enviou para campos de transição e depois para o campo da morte exactamente 13.152 judeus, sendo a maioria crianças. Devido às suspeitas da rusga, os homens, as principais vítimas de rusgas anteriores, esconderam-se e deixaram as mulheres e crianças em casa, pensando que ficavam a salvo. Mas estavam enganados. Depois, já nos campos de trabalhos, os homens foram separados e, mais tarde, as mães foram abruptamente retiradas às crianças. Quem não morreu de fome, maus tratos ou doença, viria a morrer em Auschwitz nas câmaras de gás.
A princípio, quando iniciei a leitura deste livro, achava que apenas os relatos da menina me prenderiam a atenção. Mas rapidamente me apercebi de que a investigação de Julia, a recontrução do que aconteceu, a visita aos locais, os testemunhos de quem viveu essa página negra da História eram extremamente interessantes, importantes e enriquecedores da obra.
Não direi como, mas Sara acaba por conseguir fugir, com a chave que nunca perdeu e a sua obsessão é libertar o irmão fechado no armário...
60 anos depois, ao mesmo tempo que escreve o seu artigo, Julia está quase a mudar de casa. E esse novo lar é precisamente aquele que um dia foi de Sara e da sua família. Através dos arquivos descobre uma foto da menina e fica a saber que o seu nome não consta da lista dos deportados para Auschwitz. E aqui começa a sua obsessão em encontrar o rasto de Sara, que na altura tinha um ano a menos que a sua própria filha...
Será que a encontra? A história pessoal de Júlia assume, para o final, um protagonismo que inicialmente não previra. A sua vida sofre uma grande reviravolta e o desfecho é verdadeiramente emocionante, a ponto de me ter posto com a lágrima no canto do olho e com um nó na garganta. Há muito tempo que não lia um livro que me emocionasse tanto.
Os acontecimentos relacionados com as personagens principais sucedem-se velozmente, tal como as diferentes emoções que sentimos com cada novo acontecimento ou revelação.
O final é lindo. Finalmente paz. Finalmente as pazes com o passado. A aceitação. A descoberta de quem somos.
Um livro fabuloso, que tanto tempo esteve parado na minha estante e que, tal como Julia em relação a Sara, eu não esquecerei. Aconselho a todos os que gostam de ler sobre a II Guerra Mundial, como eu. Imperdível!
Para mim é uma obra-prima, não só pelo enredo, mas também por não deixar esquecer o horror da rusga do Vélodrome d'Hiver.

Zakhor. Al Tichkah.
Lembrar. Nunca esquecer.

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